sexta-feira, 9 de abril de 2010

Os responsáveis somos todos


A tragédia do Morro do Bumba, Niterói, na qual – dizem – morreram mais de 200 pessoas, resultou de conluio entre população e autoridades.
Em 2.004 já especialistas alertavam para o problema: as casas estavam sendo construídas sobre um lixão. Na época, parece que eram apenas 14 casas.
Teria sido mais fácil removê-las de lá. Mas, se algum político resolvesse promover essa desocupação, seria contestado por movimentos sociais e perderia votos.
Por isso, a situação foi se agravando.
Até explodir. Literalmente.

A grande visibilidade que essa tragédia obteve é resultado de ter ocorrido de repente. De uma vez só.
Em São Paulo, a negligência das autoridades diante da proliferação de motoboys provoca muito mais mortes. Mas, como a coisa se dá ao longo do tempo – e não numa tacada só – a população se acostuma e se acomoda.
Morrem quase 400 motoqueiros todo ano no trânsito de São Paulo. São dois morros do Bumba todo ano. Morrem por que não respeitam leis de trânsito, trabalham pressionados pelos prazos de entregas de encomendas, não têm formação adequada para conduzir as motos etc etc. Mas, a essa altura, já são um enorme contingente de eleitores. Os políticos, ao invés de acabar com esse absurdo, freqüentam o sindicato dos motoboys em vésperas de eleições e fazem de conta que se trata de categoria profissional normalíssima.

As leis, para os brasileiros, servem às vezes. Se a legislação não nos atrapalha, somos legalistas.

E as tragédias vão continuar. Como na anedota do escorpião, é da nossa natureza.

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