sábado, 1 de agosto de 2009

Ainda Portugal


Não tenho escrito muito neste blog. Aliás, em lugar nenhum.
Por um lado, é fácil explicar: o que acontece aqui, no Brasil, me enche de tédio. Não me sinto inclinado a escrever sobre Sarney, Lula e companhia bela. É tudo tão previsível, tudo tão melancólico.
Sobre o que acontece em Portugal, particularmente sobre o que acontece em Bragança, gostaria de escrever. E tento. Acontece que ainda estou muito longe dos acontecimentos de lá. É difícil escrever à distância.
Quando estiver morando lá, a situação será outra.

Por enquanto, só gostaria de deixar registado um protesto:

É incrível como, na imprensa brasileira, existe um descaso absoluto a respeito de Portugal. Nos últimos tempos, a única notícia relacionada a Portugal foi a de que quase metade da população gostaria que Portugal se unisse à Espanha. E, mesmo essa informação só chegou aos jornais daqui porque foi noticiada em El Pais, jornal madrilenho. E foi resultado de uma pesquisa conduzida pela Universidade de Salamanca. O jornal El Pais é referência para a imprensa brasileira a respeito da Europa. Jornais como o Público, revistas como Sábado, são ignorados pela imprensa tupiniquim. Imprensa, aliás, constituída – salvo as honrosas exceções de sempre – por analfabetos funcionais.
Músicos populares brasileiros deitam e rolam em Portugal. Portugal, para eles, é um pouco como a Bahia, para os artistas baianos: eles adoram a Bahia, mas moram – todos – no Rio de Janeiro ou em São Paulo e têm apartamentos em Manhattan ou em Paris, à beira do Sena. Aparecer na Bahia, só em época de carnaval (pra faturar com os trios elétricos) ou quando morre a mãe.
Os portugueses adoram o Brasil, idolatram os brasileiros e tudo o que eles produzem, sem saber (ou desprezando) o quanto são ignorados e ridicularizados cá nos tristes trópicos.
Portugal, no Brasil, não existe. Ou é o bobo da corte.
O Brasil, em Portugal, se esbalda.
Paciência.

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