terça-feira, 26 de agosto de 2008

Ciência desvairada


A página de ciência da Folha de S.Paulo, hoje, é – de longe – a melhor produção do jornalismo nos últimos tempos (o tamanho desse “últimos” fica por sua conta).
Primeiro, uma nota sobre o fato de que cientistas estão começando a desconfiar que não se deve chamar os neandertais de estúpidos. Parece que eram apenas diferentes.
Aliás, nestes tempos politicamente corretos, eu diria (vá lá, digo e pronto) que não se deve chamar ninguém de estúpido.
Acontece que a ciência afirmava, até agora, que os neandertais desapareceram porque sua habilidade para construir ferramentas era inferior à do Homo sapiens. Vai daí, um bando de cientistas dedicou anos à análise das ferramentas de uns e de outros e chegou à conclusão: eram equivalentes.
Vejam só: os neandertais viveram aproximadamente 300 mil anos antes de desaparecerem completamente. Não é pouca porcaria. São 150 eras cristãs. Parece que conviveram com o homem moderno, na Europa, por uns 10 mil anos. Sumiram há uns 25 mil aninhos.
Pra mim, que não sou cientista, fica tudo muito claro: eles desapareceram porque já estavam de saco cheio. Afinal, conviver com o homem moderno durante cinco eras cristãs é osso duro de roer. Eu convivo com os ditos-cujos faz pouco mais de 60 anos e já estou porraqui.

Mas essa não é a única matéria interessante, na página de ciência do Folhão. Só que, como eles tinham de encaixar uma enorme publicidade de um automóvel na dita página, sobrou espaço apenas pra uma foto de macaquinhos (crédito da foto: Universidade Emory), com a legenda: Macacos-pregos nos EUA; estudo mostra que espécie fica mais satisfeita ao receber comida e ver amigos ganharem também do que só receber, hábito ligado à formação de redes sociais.
Desde o governo do presidente Sarney, o imortal, cujo lema – pra quem não lembra – era “tudo pelo social” (1.985-1.989), eu não via tanta preocupação com o próximo. Claro que até surgir o insuperável presidente Lulla. Esse ganha até de macaco-prego.

Deixei para o fim a melhor matéria. Ela se espreme entre a propaganda do tal automóvel e a beirada da página. Mas é notável.
Cientistas – sempre eles! – descobriram que as vacas, ao pastar, costumam posicionar-se na direção do norte magnético. Falta descobrir o porquê e, claro, o como.
Dou minhas singelas sugestões: o motivo deve ser alguma superstição. Afinal, tem gente que entende que deve dormir com a cama virada pra não sei onde, começar qualquer caminhada com o pé direito e evitar roupas de cor marrom (olha lá o Zé Sarney novamente!).
Se o Homo Sapiens pode ter essas manias, por que as vacas não?!
De resto, falta descobrir onde fica a bússola, dentro daquele corpanzil.
Vou pensar um pouco e conto pra vocês as minhas conclusões.
Sugestões são – óbvio – bem-vindas.

Ah! Assinantes Folha ou UOL saboreiam tudo isso aqui e aqui(menos a foto dos macaquinhos).

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