sexta-feira, 6 de abril de 2007

Uma quinta-feira santa


Depois de trabalhar um pouco pela manhã, fui buscar minha filha para almoçar.
Ela me levou a um restaurante argentino, carne excelente.
Estava saboreando uma cachaça mineira, Boazinha (o nome é que é esse. A cachaça é ótima), quando aproximou-se um cidadão alto e barbudo:
- Você não é o Renato Santos Passos?
- Sim, sou eu.
E, antes que eu pudesse esboçar qualquer reação:
- Não sei se você me reconhece...
Como não poderia reconhecer Alfio Beccari !?!
A última vez que vi Alfio foi quando minha filha era um nenezinho. Ela acaba de completar 28 anos. Alfio e eu moramos juntos em um apartamento do quarto andar do Edifício Canadá, rua Maria Antonia, nos áureos tempos de 1.968.
Alfio era o aluno número um do curso de Filosofia da USP. Pairava acima dos mortais comuns. Quando me perguntou se poderia dividir o aluguel comigo, achei o máximo. Aprontei várias com ele, pobre Alfio. Mas isso é outra história.
Convivemos bem durante um tempo. Depois ele tomou outro rumo.
Mais tarde nos revisitamos, lá por 1.980.
Hoje, ao reencontrá-lo, tive de pedir mais uma dose da Boazinha, pra estabilizar as emoções.
Nos idos de 68 a gente bebia cachaça no gargalo, cada um com sua garrafa.
Hoje os gargalos são outros.
Depois de deixar minha filha na casa dela, fui à Fnac comprar uns DVDs. Elis e Tom Jobim.
Já em casa, assisti aos três DVDs da Elis. Elis canta Saudosa Maloca. A interpretação é em ritmo lento, maravilhosa. A imagem é a de Elis a passear com Adoniran pelos meandros do Bixiga. E mais. E mais.
Tive de tomar umas doses de Seleta (outra cachaça de primeira) pra equilibrar as emoções.
Haja emoção. Haja cachaça.
Tudo em uma quinta-feira santa. Santa Quinta.
Que venha a sexta. Da paixão.

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