sexta-feira, 27 de abril de 2007
Da série Gostaria de entender - 1
Sou da classe média brasileira. Uma das características de tal pertinência é a possibilidade de ter a meu serviço uma empregada doméstica.
(O exército industrial de reserva, de que fala Marx, e que no Brasil atinge proporções catastróficas, me possibilita esse – digamos – luxo. Mas isso já é outra conversa.)
Voltemos à minha empregada. Vamos chamá-la de Josefa (em homenagem à fantástica empregada que tive em 1.968, na rua Maria Antonia, e que já faleceu).
Josefa recebe 13 salários anuais de R$ 600,00 e é registrada em sua Carteira Profissional.
Pagamos, ela e eu, uma grana mensal para a Previdência. Eu, 12%, ela 7,65%. Tudo isso para que ela tenha alguns direitos, o principal deles o de receber uma aposentadoria depois de um certo número de anos de contribuição.
Até mesmo pela precisão sugerida pelas duas casas decimais do percentual pago por Josefa, presume-se que tudo tenha sido calculado direitinho para que seja possível entregar a Josefa a mercadoria anunciada pela Previdência.
Vai daí, ano passado, o vaníloquo Lula – necessitado de uma reeleição – foi orientado por seus asseclas a fazer o bem com o chapéu alheio. A saber:
Este ano, ao fazer minha declaração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, pude descontar aqueles 12% que recolhi todo mês, durante o ano passado. Apenas que limitados a um salário mínimo.
Ou seja, o Tesouro Nacional vai me devolver boa parte da grana que eu paguei para que Josefa tenha direitos previdenciários.
Das duas uma:
Ou estavam cobrando muito
Ou vai faltar dinheiro no futuro para cumprir os compromissos da Previdência com Josefa.
Mas, como o futuro a Deus pertence, Ele que se vire.
Quanto a nosso presidente façanheiro, já conseguiu o que queria.
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