A presidente Dilma, do
país chamado Brasil, foi estes dias a NY para discursar na ONU.
Há pouco já lá
esteve e ficou em uma suíte carézima de um hotel idem.
Voltou agora, com o
dólar a beirar os cinco reais, e decidiu ficar na mesma suíte, do
mesmo hotel.
Isso não é imoral.
Isso é feio. É
kitsch. É cafona.
Tenho amigos que defendem Dilma e seu governo com unhas e dentes.
São pessoas de gostos
refinados. Um adora e cria cavalos. Outro tem como passatempo dançar
tango. Um terceiro cultiva a literatura inglesa. Etc.
Enfim, seres
sofisticados.
Peço a eles que nos
ajudem: digam a Dilma o quanto é cafona escolher o mais caro
aposento do mais caro hotel para hospedar-se nele. Mormente quando
quem paga é o Tesouro.
Imaginemos uma situação
hipotética. Fico a saber, certo dia, que pessoa de minhas relações
gostaria de rever familiares que moram em NY. Mas não dispõe de
recursos para viajar até lá e lá ficar alguns dias. Eu, dispondo
de recursos acima de minhas necessidades, ofereço a essa pessoa a
viagem. E, confiando no discernimento dela, digo que faça suas
escolhas e que vá visitar os parentes por minha conta.
Essa pessoa informa-se,
então, em busca do hotel mais caro em NY. E reserva para si o
aposento mais caro desse mais caro hotel.
Que juízo faria você,
meu eventual leitor, do caráter de tal pessoa?
Você a taxaria de
imoral? Não. Afinal, ela foi autorizada a escolher as acomodações
que bem entendesse.
Seria difícil,
contudo, não nutrir – em relação a tal pessoa – um certo
desprezo.
A meu ver, um desprezo
estético.