O Brasil parece estar a viajar para cinquenta anos atrás.
Em 31 de Março de 1.964 houve a Revolução de Março, a Redentora.
Em 1º de Abril de 1.964 houve o Golpe Militar que mergulhou o país em 21 anos de ausência de liberdade.
A Direita escolhe a primeira opção. A Esquerda vai pela segunda.
Na realidade, o movimento militar de 1.964 foi apoiado por amplos setores da sociedade civil. E a ditadura que se seguiu foi mesmo branda, por mais que hoje tal afirmação seja vista como anátema pela atual Esquerda.
Apenas em Dezembro de 1.968, com a promulgação do Ato Institucional nº 5, é que começou a viger uma ditadura pesada e sanguinária.
Quando digo que até fins de 1.968 a ditadura era branda, não estou a esquecer das torturas que ocorreram antes disso. Apenas lembro que tortura existe no Brasil - e em larga escala - até hoje, onze anos após termos no poder o PT (Partido dos Trabalhadores). Só agora, quando foram parar no xilindró alguns líderes petistas, é que o Ministro da Justiça, responsável pelas prisões brasileiras, resolveu reconhecer que elas são incrivelmente cruéis.
E o Brasil retorna a 1º de Abril de 1.964 por mais incrível que isso pareça.
Na época, o governo de João Goulart, um tanto à deriva, via-se conduzido pelas ventanias dos movimentos sindicais e das bases militares.
A classe média e mesmo parte da chamada classe trabalhadora assustaram-se com o rumo dos acontecimentos e propiciaram clima para o levante militar que derrubou o governo sem precisar dar nenhum tiro.
Hoje o governo, diferentemente de cinquenta anos atrás, tem rumo. Mas caminha conscientemente para o mesmo objetivo daqueles tempos. Como dizem os petistas atualmente: "estamos no governo mas não no poder".
E o objetivo é o poder. Com partido único e imprensa controlada.
A oposição é risível.
Os tucanos, inimigos preferenciais dos petistas, estão enrolados até o pescoço em grossas falcatruas. E escolheram para disputar a Presidência com Dilma um playboy mineiro cujo maior prazer parece ser o de desfrutar as delícias das praias do Leblon.
Resta um outro opositor, Eduardo Campos, de Pernambuco, rapaz de boa estampa, olhos azuis a disfarçar cérebro obscuro. Como se não bastasse, adotou para candidata a vice Marina, a Rainha da Floresta, mulher de linguagem oblíqua e pretensões retas.
Tudo aponta para uma eleição de Dilma no primeiro turno. O PT dispõe ainda do trunfo de - caso as pesquisas indiquem queda de Dilma na preferência dos eleitores - colocar Lula em seu lugar e relegá-la a uma candidatura a vice.
Ninguém duvida que Lula vença no primeiro turno. Daí, ou ele governa por mais oito anos ou - se confirmados os boatos de que já está em fase terminal da doença - Dilma assume e o enredo segue sem grandes alterações.
Enfim, parecem garantidos ao menos mais quatro anos de governo para o PT.
Diante de tal evidência, começa a corrida aos quarteis.
E não faltam generais de pijama para vociferarem contra a situação reinante.
Resta saber se terão força para impressionarem os colegas da ativa.
De qualquer modo, vem aí uma nova manifestação nos moldes da Marcha da Família com Deus e sabe lá com quem mais. Parece estar marcada para o dia 22 deste mês de Março.
É possível que reúna muita gente. Gente disposta a dar a vida pela Pátria. Desde que não chova e não faça sol muito intenso.