sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Feira do Fumeiro em Vinhais


Já, já, em agosto, completam-se dez anos desde quando conheci Vinhais.
E - incrível - nunca lá estive na época da Feira do Fumeiro.
A Saltapocinhas me questiona, em comentário:
Tens uma feira de fumeiro e enchidos na tua terra e andas por aí a ouvir discursos de políticos?? ai, ai...
A censura dela esquece que não se faz tudo que se quer (além de ser apenas uma brincadeira).
Quando estiver a morar em Bragança não perderei nenhuma Feira do Fumeiro. A menos que haja neve o bastante para impedir que se chegue a Vinhais.
Mas, para isso, é preciso que a tal Comissão de Anistia dê andamento ao processo em que solicito o reconhecimento de um ano e meio de trabalho na USP. Período esse que a Reitoria da USP não quis reconhecer.
A questão é essa: para ir morar em Bragança é preciso, antes, tratar da aposentadoria/reforma.
Ocorre que trabalhei alguns anos na USP. Preciso que esse tempo de trabalho seja contado para completar meus 35 anos de trabalho comprovado.
Comecei a trabalhar na USP no início de 1.970, com a criação do Instituto de Matemática e Estatística (IME-USP).
No final de julho de 1.971 fui preso.
Meu contrato com a USP durou até meados de 1.972 e não foi renovado porque eu continuava em cana.
Saí em liberdade condicional no início de 1.973. O IME-USP me chamou para continuar a trabalhar lá, mas não havia condições políticas para a recontratação. Sugeriram, então, que eu ficasse recebendo bolsa de estudos até que se fizesse uma anistia que permitisse minha nova contratação.
Fiquei mais um ano e meio.
Como a anistia não aparecia no final do túnel, arrumei emprego em empresa e fui embora da USP.
Inicialmente, a USP só reconhecia o tempo de trabalho até a data da prisão.
Recorri administrativamente e consegui que a USP reconhecesse o período em que estive preso.
Quanto ao ano e meio posterior à prisão, disseram que só a Comissão de Anistia poderia reconhecer.
Entrei com processo há dois anos e meio. Ele continua parado no protocolo.
Caso a Comissão reconheça meu ano e meio final na USP, posso me aposentar ainda este ano. Caso contrário, só no final de 2.010.
Como leio nos jornais que a Comissão de Anistia pretende analisar todos os processos até o final de 2.010, já imagino o final dessa novela: no final de 2.010, quando eu não precisar mais desse tempo para completar os 35 anos de trabalho, eles - alegremente - me reconhecerão o tal ano e meio.

(e pensar que toda essa conversa começou graças a alheiras e chouriças)

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