quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O percentual da bandalheira


Uma de minhas irmãs, matemática, não se impressionou muito com os números absolutos que apresentei no post sobre dependentes na declaração de IRPF (imposto sobre a renda – pessoa física).

Vamos, então, aos números relativos:

O total de dependentes declarados, em 2006, foi pouco menos de 18 milhões. Com a simples exigência de que fosse declarado o CPF do dependente maior de 21 anos, esse número caiu para pouco mais de 15 milhões em 2007, dando a diferença que mencionei, de 2,4 milhões (números mais exatos, aqui)

Ou seja, considerando-se o número total de declarantes (23,5 milhões em 2007) houve queda de aproximadamente 10%. Seria esse, pouco mais, pouco menos, o percentual de declarantes desonestos.

Pois é, mana. Você entende que 10% de desonestos são muito pouco perto do percentual de políticos desonestos no país. Sim, a diferença é grande, considerando-se que o percentual de políticos desonestos é aproximadamente igual a 100%.

Calma lá: é preciso lembrar que essa mutreta de incluir dependentes fajutos, além de ser apenas uma de várias mutretas utilizadas na declaração (e bota várias nisso), refere-se apenas a dependentes maiores de 21 anos e que tiveram de ser retirados das declarações ou por simplesmente não existirem ou por já constarem de outra (s) declaração (ões).

Uma análise de todas as mutretas, fosse ela possível, levaria os nossos 10% para alturas inimagináveis.

Sendo assim, vamos usar outro termômetro. Aliás, baseado em exemplo que usei no post anterior.

Diga lá, mana: quantas pessoas que montassem a banquinha de jornais que sugeri encontrariam alguma coisa lá, onde armaram a traquitana, no final do dia?

Quanto a isso você há de concordar: ninguém, rigorosamente ninguém, encontraria a caixinha de dinheiro. Tampouco os jornais. Tampouco a banquinha. Tivesse sido ela montada em qualquer parte do território nacional.

Em tempo: conhecendo minha irmã como conheço, sei que ela vai argumentar que, pra sumir a banquinha de jornais, basta um larápio nas vizinhanças. É melhor eu desistir. Mas, cá pra nós, que distribuição mais homogênea de larápios, né não?

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