quinta-feira, 28 de junho de 2007

De cocozinho em cocozinho
chega-se à barbárie


Já descrevi, aqui, o maravilhoso condomínio em que – por ter irmã proprietária de apartamento lá – volta e meia passo uns dias.
Da última vez em que lá estivemos, a Baixinha, a irmã dela - minha cunhada, a Doga e eu, fiquei decepcionado com a falta de educação de muitos moradores do dito cujo condomínio.
Pensei até em escrever sobre isso aqui no Bazar mas a falta de tempo me impediu.
Você vai passear com seu cachorro pelas alamedas do condomínio e constata que, em vários locais, há porta-saquinhos para que você tenha como recolher o cocô do dito cujo. Tudo muito civilizado.
Só não conseguiram civilizar, ainda, os seres humanos moradores do condomínio. Você precisa tomar cuidado para não pisar em cocô de cachorro, o tempo todo. Encontrei cocozinhos até junto a um dos porta-saquinhos.
Quando, agora, estourou a notícia da violenta agressão sofrida por uma empregada doméstica em ponto de ônibus, na Barra, por parte de jovens criados na atmosfera do sem-limite e vi na TV a imagem do condomínio em que fico hospedado às vezes, pensei:

Ainda bem que não escrevi sobre o cocô de cachorro no condomínio. Isso não é nada, perto de alguns monstros que nele moram.

Logo em seguida mudei de idéia. Esses adolescentes-feras, ou esses animais-de-classe-média têm tudo a ver com os cocozinhos de cachorro displicentemente largados nas alamedas dos condomínios da Barra.
A barbárie começa com os pequenos desrespeitos às mais comezinhas regras sociais.

E, como sabemos todos, nada de mais grave – em termos de punição – vai acontecer a esses crápulas, logo logo eles vão estar à solta, espancando transeuntes indefesos ou até a própria mãe, como parece que é prática costumeira de pelo menos um deles.

Enquanto isso, quase 1.500 policiais trocam tiros com marginais no Complexo do Alemão e provocam a morte de 18 pessoas em apenas um dia. Se isso não é Guerra Civil, então – como se dizia deliciosamente no meu tempo de criança – minha avó é bicicleta.

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