Quando eu tinha
dezesseis anos, aconteceu que meu pai morreu.
Uma morte cercada de
detalhes que agora não vêm ao caso.
Estava eu sentado em
uma cadeira lateral no templo da Primeira Igreja Batista de Santos, o
corpo de meu pai dentro de um caixão flutuava junto ao púlpito em
que ele pregara por vinte e cinco anos.
Sentou-se a meu lado um
indivíduo ainda jovem, moreno, cujo nome jamais lembrarei.
Ele sentenciou:
- Chore! Chore,
porque eu não chorei quando da morte de meu pai. E nunca mais
consegui chorar na vida.Não tenho, é óbvio, a menor ideia de como foi a vida daquele rapaz. Quanto a mim, não chorei na morte de meu pai e chorei muito depois disso.
Até e principalmente
agora. Quando o que mais prezava na vida me deixa a olhar o vazio.