Não li e não gostei.
É minha convicção a
propósito de Paulo Coelho e de vários outros escrevinhadores.
Certeza assim causa-me algum
desconforto mas é inelutável.
O argumento de Janer
Cristaldo na defesa de tal postura ajuda um bocadinho:
Se milhões de pessoas
afirmam gostar desse ou daquele romancista, ele não é recomendável.
Não há milhões de
pessoas de bom gosto.
Cá em Portugal há
José Rodrigues dos Santos. Âncora do Jornal das Oito da RTP, a TV
estatal.
Escreve romances como
quem come cerejas.
Em Português e em
outros idiomas vende milhões de exemplares.
Meteu-se, agora, em
polêmica ao afirmar, em um de seus últimos produtos, que o fascismo
originou-se do socialismo marxista.
Por querer inteirar-me
do sarilho fui à leitura de textos sobre. Nomeadamente o de
Francisco Louçã e o de António Araújo.
A discussão recente
não me entusiasmou. Mas levou-me a textos do final de 2.014 de
António Araújo.
Em cinco primorosos capítulos, AA disseca os milhares de romances de JRS (relevem algum
exagero).
Descobri que uma
idiossincrasia alheia pode ser-me benéfica.
Como os comentários de
leitores ao fim de cada capítulo confirmam, é mesmo assombroso que
alguém que não gosta de um escritor dedique tempo e cachimônia a
esmiuçar sua obra em tanto detalhe.
Acontece que essa
atitude incomum permitiu que eu substituísse a desagradável leitura
de mais de uma dezena de calhamaços (cada romance de JRS não
ocupa menos de 500 páginas) pelo prazer da leitura de cinco
textos. Embora um bocadinho longo, esse pentateuco nos faz rir
imenso. E transforma seu leitor em especialista em José Rodrigues
dos Santos.
Aguardo algum outro
doidivanas que faça o mesmo com o obrar de Paulo Coelho.