sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Chantagem de mãe


Estava eu a passear o cão, no Parque da Braguinha, lá pelas 11 horas da manhã. Passa por mim uma senhora vestida em tons escuros, enormes botas em pele, pretas, daquelas de salto-agulha que cá em Bragança as mulheres utilizam para ir ao talho. Enquanto caminha fala ao telemóvel.
Os fragmentos de conversa que me chegam indicam que fala com a filha e a chama a almoçar. Parece que, do outro lado, a filha recusa o convite.
Diz então a mãe:
- Mas já comprei o frango...
E logo encerra a conversa, de certeza com o convite já aceito.
Fico a pensar: por que a mãe não telefonou à filha antes de comprar o frango?
E a resposta é óbvia:
Porque é mãe.

4 comentários:

Helga Ilse Bekman disse...

Hahahaha, as mães são todas iguais!
Mas o que significa "ir ao talho"? Cada vez mais nota-se a influência do local no seu escrever

Santos Passos disse...

Claro, Helga. A gente vai assimilando a linguagem local. Principalmente quando ela é melhor do que a de origem...

Santos Passos disse...

Esqueci-me de esclarecer: "talho" é açougue.
Aqui, em Bragança, as mulheres vestem-se de modo formal para irem a qualquer lugar. Ou ao talho ou à loja de roupas ou ao que quer que seja. Até à aldeia dos pais, ao fim de semana. E andam entre as couves com os saltos 15 ou 20 ou sei lá o quê. Mistérios femininos...

Bic Laranja disse...

Pois olhe que vendo de Lisboa, isso de ir em trajo formal ao talho tem outra adjectivação. Mas não vou esnobar as bragançãs (já o fiz).
Açougue é de origem árabe (al-souk = mercado). Acho curioso que tenha passado ao Brasil porque tenho ideia (provavelmente errada) de que o vocabulário de origem árabe foi mais o que ficou cá do que o que partiu para Santa Cruz. Talvez porque os «brasileiros» tenham ido mais do Norte que do Sul.
Cumpts.