quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Acaso


Uma filha de casal de classe média alta combina com o namoradinho o assassinato dos próprios pais.
Os tais pais são trucidados a pauladas.
Depois de algum tempo fica-se sabendo que o pai era algo assim como o fiel depositário do caixa 2 de um partido político avícola. E depositava a tal grana 2 em conta da filha.
Claro que ninguém tinha interesse em esticar o assunto. Portanto, ponto final.
Acaso? Coincidência?

Um rapaz e sua esposa espancam a filha dele e ele a joga da janela do apartamento. O pai dele, pressuroso advogado tributarista, esboça um plano para o casal: alguém entrou no apartamento e jogou a menina pela janela. No meu tempo de criança, esse tipo de criminoso era chamado de mentor.
Um rapaz não se sente impedido de jogar a própria filha pela janela.
Afinal, é filho de alguém que não se sente impedido de usar a própria criatividade para ocultar um crime.
Acaso? Coincidência?

Uma menina de 15 anos é assassinada pelo ex-namorado depois de longo seqüestro.
Pouco depois fica-se sabendo que o pai da menina era procurado pela polícia há uns 17 anos. Fizera parte de uma milícia que assassinou muita gente em um estado do nordeste brasileiro.
Assim como costuma acontecer de meninas filhas de alcoólatras-que-espancam-a-mulher procurarem alcoólatras-que-espancam-a-mulher para casar, a menina resolveu namorar um garoto que se revelou assassino frio, tal qual o pai.
Acaso? Coincidência?

Sei lá. Apenas tenho a convicção – que não tenho como provar verdadeira – de que filhos de pais razoavelmente normais – seje lá o que seje isso – não saem por aí dando pauladas em pais adormecidos. Nem pais normais, ainda que bastante (d)espertos, usam sua experiência de vida para encobrir os crimes dos filhos. Do mesmo modo, filhos de pais razoavelmente normais não saem por aí a namorar seqüestradores assassinos.

Podem me xingar. É o que penso.

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