Vamos tentar resumir:
Os evangelhos de Mateus e de Lucas relatam a milagrosa anunciação do nascimento de Jesus. Cada um a seu modo.
Os evangelhos de Marcos e de João (além de Paulo), por incrível que pareça, não tocam no assunto.
Quanto ao quesito originalidade:
O Antigo Testamento traz:
Nascimento de Sansão (Juízes 13):
E havia um homem de Zorá, da tribo de Dã, cujo nome era Manoá; e sua mulher, sendo estéril, não tinha filhos.
E o anjo do SENHOR apareceu a esta mulher, e disse-lhe: Eis que agora és estéril, e nunca tens concebido; porém conceberás, e terás um filho.
(Juízes 13:2-3)
Com algumas diferenças, as circunstâncias básicas deste relato se repetem no nascimento de Samuel (1º Samuel 1).
Antes disso, Deus já havia intervindo no nascimento de Isaac (Génesis 21: 1-4).
Os relatos sobre anunciações a mães de grandes personagens aparecem em todas as culturas antigas do mundo.
China: anunciação à mãe do imperador Chin-Nung ou à de Siuen-Wu-ti;
Japão: anunciação à mãe de Sotoktaïs;
Irlanda: anunciação à mãe de Stanta (encarnação do deus Lug);
México: anunciação à mãe do deus Quetzalcoatl;
Índia: anunciação à mãe do deus Vishnu (encarnado no filho de Nabhi);
Grécia: anunciação à mãe de Apolónio de Tiana (encarnação do deus Proteu);
Pérsia: anunciação à mãe de Zoroastro ou Zaratustra, reformador religioso do masdeísmo;
Egipto: anunciação às mães dos faraós egípcios (por exemplo, no templo de Luxor ainda se pode ver o mensageiro dos deuses Thot anunciando à rainha Maud sua futura maternidade por graça do deus supremo Amón).
(esta lista poderia ser interminável)
"Todos os grandes personagens, fossem reis ou sábios - como, por exemplo, os gregos Pitágoras (c. 570 - 490 a.C.) ou Platão (c. 427 - 347 a.C.) -, ou aqueles que se tornaram o centro de alguma religião e que acabaram sendo adorados como "filhos de Deus", Buda, Krishna, Confucio ou Lao-Tsé, foram mitificados para a posteridade como filhos de uma virgem. Jesus, surgido muito depois deles, ainda que sujeito a um papel equivalente ao de seus antecessores, não ia ser menos. Dessa forma, budismo, confucionismo, taoísmo e cristianismo ficaram impregnados com o selo indelével de haver sido resultado da obra de um "filho do Céu", encarnado através do acesso directo e sobrenatural de Deus ao ventre de uma virgem especialmente apropriada e escolhida."
(Pepe Rodríguez, Mentiras Fundamentales de la Iglesia Católica, Ediciones B, S.A., 2004, Barcelona)
(a sofrível tradução é minha)
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