sábado, 21 de fevereiro de 2009

A formação de José Serra


Tenho lido alguns artigos que questionam a trajetória política de José Serra, governador de São Paulo que quer ser presidente da República do Brasil.
Questiona-se sua pretensa condição de economista.
Pergunta-se de que modo conseguiu o estudante de origem humilde sobreviver no exterior, primeiro no Chile, depois nos Estados Unidos.

Quanto à questão do diploma, me parece uma questão burocrática. A formação dele, no exterior, não foi validada no Brasil.
Já quanto aos recursos para sobreviver no exterior, tenho uma história pra contar:

Lá pelos idos de 1.991, fui convidado por um amigo a almoçar com ele e com seu sócio. Acontece que o tal sócio era colega nosso de Escola Politécnica. Nós três havíamo-nos formado no mesmo ano, ainda que em modalidades diferentes.
Claro que a conversa durante o almoço girou em torno da época de faculdade e dos colegas dos quais fomos nos lembrando.
O sócio de meu amigo, falecido tragicamente poucos anos depois, era conhecido por suas posições políticas mais à direita.
A certa altura, começou a revelar que na década de 60 os Estados Unidos haviam assediado vários líderes estudantis brasileiros para que fossem para lá, fazer alguns estudos, conhecer outros pontos de vista etc etc.
Citou o Serra como exemplo de um que topou.
Diga-se: o depoimento desse colega me pareceu, desde o primeiro momento, autêntico. Principalmente porque ele nos contou essa história para lamentar-se de – à época – não ter aceitado o convite.
Segundo a conclusão dele: todos os que aceitaram se deram muito bem.

A julgar pelo Serra, parece que sim.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Bem-vinda, Isabella


Nasceu ontem, no hospital de Norwalk, Connecticut, USA, minha segunda neta, Isabella.
Ela ainda não sabe o tamanho da fria em que entrou. Mas espero que colabore pra que esse mundo se torne menos insuportável.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A dificuldade de ser original


Na década de 70, século passado, já lá se vão uns trinta anos, meu colega de trabalho João Gutierrez (às vezes também chefe) chegou à empresa em uma segunda-feira pós final de semana prolongado com a seguinte história:
Passara o final de semana, com a família (mulher e filhos pequenos), em alguma praia do litoral norte de São Paulo. No domingo, ficou matutando: qual a melhor hora pra voltar a São Paulo?
Conclusão: resolveu voltar de madrugada. Acordou a família lá pelas 3 da manhã, colocou tudo no carro e preparou-se para percorrer uma estrada vazia.
Quando chegou à estrada, tudo parado. Uma multidão de carros deslocava-se vagarosamente.
Demorou horas pra chegar em casa.
Deduziu: em São Paulo, quando você tem uma ideia qualquer, pode ter certeza de que um milhão de pessoas está tendo a mesma ideia ao mesmo tempo.

Isso há trinta anos.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Feira do Fumeiro em Vinhais


Já, já, em agosto, completam-se dez anos desde quando conheci Vinhais.
E - incrível - nunca lá estive na época da Feira do Fumeiro.
A Saltapocinhas me questiona, em comentário:
Tens uma feira de fumeiro e enchidos na tua terra e andas por aí a ouvir discursos de políticos?? ai, ai...
A censura dela esquece que não se faz tudo que se quer (além de ser apenas uma brincadeira).
Quando estiver a morar em Bragança não perderei nenhuma Feira do Fumeiro. A menos que haja neve o bastante para impedir que se chegue a Vinhais.
Mas, para isso, é preciso que a tal Comissão de Anistia dê andamento ao processo em que solicito o reconhecimento de um ano e meio de trabalho na USP. Período esse que a Reitoria da USP não quis reconhecer.
A questão é essa: para ir morar em Bragança é preciso, antes, tratar da aposentadoria/reforma.
Ocorre que trabalhei alguns anos na USP. Preciso que esse tempo de trabalho seja contado para completar meus 35 anos de trabalho comprovado.
Comecei a trabalhar na USP no início de 1.970, com a criação do Instituto de Matemática e Estatística (IME-USP).
No final de julho de 1.971 fui preso.
Meu contrato com a USP durou até meados de 1.972 e não foi renovado porque eu continuava em cana.
Saí em liberdade condicional no início de 1.973. O IME-USP me chamou para continuar a trabalhar lá, mas não havia condições políticas para a recontratação. Sugeriram, então, que eu ficasse recebendo bolsa de estudos até que se fizesse uma anistia que permitisse minha nova contratação.
Fiquei mais um ano e meio.
Como a anistia não aparecia no final do túnel, arrumei emprego em empresa e fui embora da USP.
Inicialmente, a USP só reconhecia o tempo de trabalho até a data da prisão.
Recorri administrativamente e consegui que a USP reconhecesse o período em que estive preso.
Quanto ao ano e meio posterior à prisão, disseram que só a Comissão de Anistia poderia reconhecer.
Entrei com processo há dois anos e meio. Ele continua parado no protocolo.
Caso a Comissão reconheça meu ano e meio final na USP, posso me aposentar ainda este ano. Caso contrário, só no final de 2.010.
Como leio nos jornais que a Comissão de Anistia pretende analisar todos os processos até o final de 2.010, já imagino o final dessa novela: no final de 2.010, quando eu não precisar mais desse tempo para completar os 35 anos de trabalho, eles - alegremente - me reconhecerão o tal ano e meio.

(e pensar que toda essa conversa começou graças a alheiras e chouriças)

As armadilhas dos idiomas


Um mexicano procurado pela Espanha por liderar tráfico de cocaína para a Europa foi localizado em presídio de São Paulo, dizendo-se natural de Minas Gerais.

Ele acabou por trair-se ao mencionar ter um niño (em vez de dizer que tinha um filho).

Claro. Pra se passar por mineiro, ele tinha de dizer:

- Tenho um niño, uai.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Bacalhau basta


Hoje, segunda-feira, dia 2 de fevereiro, é dia de Iemanjá.
Sei disso desde garoto, graças aos versos de Caymmi, na canção Dois de Fevereiro:
Dia 2 de fevereiro
Dia de festa no mar.
Eu quero ser o primeiro
a saudar Iemanjá.


Hoje, segunda-feira, dia 2 de fevereiro, faz 5 anos que este blog começou.

Uma coisa nada tem a ver com a outra.
Coincidência, apenas.

Aliás, hoje é dia de eleições no Congresso brasileiro.

Sarney foi eleito presidente do Senado. Enquanto eu almoçava, ele começou seu discurso de posse. Quase perdi o apetite ao verificar como o homem se leva a sério. Mencionou o número de livros que já perpetrou, não esqueceu de dizer que alguns foram traduzidos para outras línguas. Lembrou que faz parte de várias associações literárias mundo afora. É o decano da Academia Brasileira de Letras.
Os demais elogios que ele outorgou à sua modesta pessoa não tive o desprazer de ouvir. Desliguei a TV.

Na Câmara dos Deputados o presidente eleito foi Michel Temer.

Enquanto o primeiro dedicava boa parte de seu tempo a maltratar a Língua Portuguesa, o segundo usava seu tempo livre, poucos anos atrás, batendo em algo menos intangível.

Outra pura coincidência.

O fato é que esses serão os sucessores de Lula e José Alencar pelos próximos dois anos.

E você queria que eu produzisse um blog melhor?