quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Meninas que passam
Em 1.962, Vinicius escreveu letra para uma futura música. Falava de menina que vira, vinda num passo cheio de balanço, a caminho do mar.
Vinha cansado de tudo
De tantos caminhos
Tão sem poesia
Tão sem passarinhos
Com medo da vida
Com medo de amar
Quando na tarde vazia
Tão linda no espaço
Eu vi a menina
Que vinha num passo
Cheio de balanço
Caminho do mar
Como nem Tom Jobim nem ele mesmo gostaram muito do resultado e, parece, inspirado por Helô Pinheiro, que passava sempre em frente ao bar em que ficavam, a caminho da praia, reformulou:
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
No doce balanço, a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, porque estou tão sozinho
Ah, porque tudo é tão triste
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
Daí, Tom Jobim meteu esse poema em uma melodia e nasceu a mais famosa canção da bossa nova.
Agora, quase cinqüenta anos depois, outra música brasileira se espalha pelo mundo. E também fala de uma garota que passa.
Sábado na balada
A galera começou a dançar
E passou a menina mais linda
Tomei coragem e comecei a falar
Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
O cenário não é mais a praia. É a balada de sábado à noite.
E não é o amor que deixa o mundo mais lindo.
Se é evidente que esse amor de Vinicius era metafórico, agora o explícito prevalece.
São tempos novos.
Mas as meninas continuam a passar.
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