domingo, 26 de junho de 2011
50 anos sem pai
Há exatos 50 anos morria meu pai. Sem mais nem menos.
Deixou-me, de início, uma sensação de liberdade, de alívio.
Por ser pai de muitas ordens, ao partir propiciou-me a desordem.
Aos poucos sua morte trouxe-me dúvidas: como teriam sido nossas relações futuras? Poderíamos ser amigos? Ou romperíamos relações logo, logo?
Veio depois a certeza da inutilidade de tais questões. A morte interrompe a vida e arrebata expectativas.
Hoje, quando ele me parece quase um garoto, comparadas nossas idades, a minha de hoje, a dele de quando se foi, avalio suas fraquezas e suas forças.
E sorrio por suas ingenuidades. E me orgulho de sua grandeza.
Nada me resta, além da memória e da imaginação, que me reponha em seus braços.
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