Ao iniciar-se o percurso, percebe-se de pronto o primeiro nível de significado da obra: o da sexualidade. Seqüência de penetrações, portão a portão, os hímens de nylon rompidos, a cor carnal que tudo domina.

Mas a obra não se esgota em luxúria. A interminável repetição de um mesmo experimento traz à tona o tom característico da cientificidade. De facto, condição sine qua non da verdade científica é a possibilidade de reprodução laboratorial – vale dizer, em condições controladas – do evento revelador. A cada ultrapassagem, supera-se um véu, desvela-se o saber. Aqui, também, verdade é aletheia (αληθεια), desvelamento.
Filha inevitável do saber científico, irrompe a camada significante da tecnologia. A série é sua marca. Os objetos idênticos se sucedem, como em uma linha de produção.
Prazer, desvelamento, produção. Níveis presentes que não esgotam a obra. Esta é maior que a soma de suas partes. Supera a repetição de seus componentes.
A sinergia de elementos inusitados ao longo dos caminhos do parque cria algo maior: o vetor propriamente artístico do projeto se impõe ao longo do caminhar. A volúpia, a verdade, a voracidade produtiva cedem lugar ao valor estético, ao maravilhoso.
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