quarta-feira, 20 de julho de 2011

Conde de Sarzedas - 1


Para todos, título nobiliárquico. Para mim, rua próxima à Praça João Mendes, São Paulo, na qual reinava o Curso Di Tullio, no qual me preparei para entrar na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Foi lá que conheci Vitorino, filho de cantora de ópera. Vez em quando cabulávamos alguma aula e íamos ouvir ópera em alguma loja de discos. Feliz ou infelizmente, ele não conseguiu elevar-me ao nível operístico.
No dia em que Di Tullio, irritado por Vitorino estar sussurrando a um aluno chamado à lousa a resposta a uma pergunta qualquer, jogou o caderno de Vitorino pela janela da sala de aula, percebi a profunda relação de afeto que havia entre os dois. Vitorino levantou-se calmamente e foi buscar seu caderno no meio da rua. Ao voltar, sentou-se e continuou a tomar notas da aula. Nossa sala, diga-se, ficava no segundo andar do prédio.

Como já contei em algum lugar deste blog aqui, inaugurei o hábito de fazer cursinho já no segundo colegial. Fiz, portanto, dois anos de Di Tullio.
Se no primeiro ano convivi com Vitorino e com Imre Simon, uma das pessoas mais inteligentes que já conheci, no segundo estabeleci – junto com dois outros alunos do curso – um trio de amizade que perdurou por algumas décadas.
Éramos o Fusco, o Brandão e eu.
Francisco Brasiliense Fusco Júnior já morreu. A amizade com Brandão tornou-se fraternidade, mantida até hoje e para sempre.
Disputávamos palmo a palmo os primeiros lugares nas provinhas de sábado.
No dia a dia, gostávamos de aproveitar os intervalos entre aulas para irmos até a pastelaria dos chineses e pedir três pastéis e três Crushs (refrigerante sabor laranja). O chinês gritava para a cozinha:
- Tlês pastéis e tlês Clushs!
Isso valia como contrapartida da gordura que comeríamos.

(continua)

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