Dia terrível, o de hoje. Tinha tudo pra ser um belo dia. Afinal, era aniversário de meu pai. É certo que ele já se foi há muito. Mas todo dia 13 de fevereiro comemoro seu aniversário em minha lembrança.
Pela manhã, saboreando o lindo dia de sol que São Paulo nos oferecia, fomos levar minha tia Jesse, à beira de seus 80 anos, à geriatra. Apenas para confirmar o que já se percebia a olho nu. O mundo dela passou a ser outro. Pouco contato lhe resta com este nosso cotidiano. Consola notar que ela parece estar muito feliz em seu universo. E nos cabe, apenas, criar condições para permitir que essa felicidade se prolongue o quanto possível.
De volta à casa, a notícia: morreu meu tio Vadinho, irmão mais moço de minha mãe, irmão inseparável de minha tia Clarisse.

Ele, que com seus olhos claros despertou incontáveis paixões ao longo da vida, fica em minha memória com a marca de seu bom humor.
Lembro-me de um dia em que nos encontrámos na casa de outro tio meu, irmão dele, no tempo em que minha calvície começava a tornar-se notória e a dele já era quase absoluta.
A certa altura, sacou do bolso da camisa um pente. Passou-o pelos pouquíssimos fios restantes e me ensinou:
- A coisa de que careca mais gosta é pente.
Adeus, Vadinho. Adeus, tio.
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