(ou: de como o sal derrete o Erário)

Essa é a casa da aldeia de Pinheiro Novo na qual ficámos hospedados durante duas semanas. No dia 25 de dezembro ela estava assim, cheia de luz e sol.
No domingo, 26, tudo mudou. Muuuuiita neve. A casa ficou assim:

Da varanda da casa a visão era assim, no dia de Natal:

Dia seguinte, domingo:

Ao lado da "nossa" casa ficavam os cabritos, dentro desse galpão:

No domingo, pensávamos ser impossível alguém chegar até onde estávamos. Ledo engano. Lá pelas duas da tarde lá vem meu primo António, a dirigir seu carro como se nada houvesse de incomum. É. Pra ele não havia mesmo.
Acontece que tínhamos combinado de almoçar em Passos, segunda-feira, em casa de minha prima Maria Tereza (no Brasil deveria escrever-se Treza, que é como se fala em Portugal). Já na noite de 25 havíamos demorado três horas pra voltar de Passos a Pinheiro Novo (normalmente gastam-se quinze minutos) porque já começara a nevar e a estrada estava intransitável. O caminho mais curto entre as duas aldeias passa pela ponte sobre o rio Rabaçal. Desce-se por uma estrada muito íngreme até o rio e depois enfrenta-se uma subida igualmente inclinada. Com tempo bom é fácil. O asfalto é bom. Mas com neve (ou pior, gelo) não é coisa pra amadores.
Estávamos em dúvida se nos seria possível atravessar o rio. A questão era: há gelo na estrada? Vi o taxista da aldeia a lidar com seu carro. Fui consultá-lo. Disse-me que havia gelo na estrada mas se eu quisesse ele se prontificava a acompanhar-nos até a ponte e jogar sal na estrada pra derreter o gelo. Fiquei encabulado e não aceitei a ajuda. Preferi contratá-lo para levar-nos em seu táxi. Na ida, parámos sobre a ponte e ele examinou o piso da estrada na subida, concluindo não ser preciso colocar sal para subir. Apenas na volta, para descer, ele o faria.
Tudo correu bem, ele foi buscar-nos às quatro da tarde e nos levou de volta ao Pinheiro, contra uma contribuição de vinte euros.
Dia seguinte, já em Vinhais, ao devolver a chave da casa de Pinheiro Novo ao proprietário Armindo, comentei com ele sobre tudo isso. Ele então me ensinou que a Câmara de Vinhais fornece sal aos prefeitos das juntas de freguesia para que o joguem nas estradas nos dias em que há formação de gelo.
Comentei: mas então é obrigação do prefeito da junta da freguesia de Pinheiro Novo jogar sal no caminho por onde passei. Por que o taxista é que teve de fazê-lo?
É ele o prefeito, encerrou Armindo.
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