segunda-feira, 2 de julho de 2012

A reinvenção da roda

Quando alguém aparece com uma ideia já batida e a apresenta como novidade, costuma-se zombar do proponente com o dito
- Reinventaste a roda!

Pois, segundo um pesquisador britânico, a roda estaria a ser reintroduzida com força na Europa, em particular em Portugal. É o que informa a matéria de Helder Robalo no Diário de Notícias de hoje. Mas trata-se, aqui, da roda dos enjeitados, para a entrega à adopção de crianças indesejadas. É verdade que o pesquisador não apresenta dados concretos, prática, aliás, cada vez mais encontradiça.

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O que chamou mais minha atenção foi o facto de a roda dos enjeitados ter sido criação de um papa, no distante século 12.


Mesmo que se considere que a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) foi a principal causa, directa ou indirecta, dos motivos que levavam muitas mães a entregar os filhos à adopção, observo que ao menos buscou paliativo para o problema. Mesmo no Brasil, as tais rodas eram características de conventos e de outras instituições vinculadas à ICAR.

Tudo isso me leva a avaliar que, se em alguns aspectos a ICAR evoluiu (por exemplo, não sustenta mais que é o Sol que gira em torno da Terra; por exemplo, já não faz churrasco de hereges etc etc), em alguns outros temas regrediu e tornou-se cúmplice de verdadeiros genocídios, com sua política absolutamente irresponsável de combate ao métodos de prevenção da SIDA e de outras doenças sexualmente transmissíveis.

Parece que no século 12 havia um bocadinho mais de pragmatismo na Santa Madre Igreja.

Quanto ao Brasil, a roda tem sido profusamente utilizada, nas últimas décadas. Mas apenas nos motéis, para que os funcionários entreguem discretamente aos clientes as comidas e bebidas tão necessárias ao correcto desempenho das funções às quais se destinam tais estabelecimentos.

1 comentário:

maray disse...

quando leio - e com frequência alarmante - notícias de bebês encontrados em sacos de lixo, lixões, caçambas, ruas e rios por aqui eu penso, com tristeza na alma, que a roda era mais humana: a criança tinha chances de vida. Não estou apregoando a volta da roda dos enjeitados, mas gostaria da volta de um pouco mais de humanidade. Parece que caminhamos a passos largos para a volta das voltas: a bárbarie.