segunda-feira, 6 de junho de 2016

Para quando Paulo Coelho?

Não li e não gostei.
É minha convicção a propósito de Paulo Coelho e de vários outros escrevinhadores.
Certeza assim causa-me algum desconforto mas é inelutável.
O argumento de Janer Cristaldo na defesa de tal postura ajuda um bocadinho:
Se milhões de pessoas afirmam gostar desse ou daquele romancista, ele não é recomendável.
Não há milhões de pessoas de bom gosto.

Cá em Portugal há José Rodrigues dos Santos. Âncora do Jornal das Oito da RTP, a TV estatal.
Escreve romances como quem come cerejas.
Em Português e em outros idiomas vende milhões de exemplares.
Meteu-se, agora, em polêmica ao afirmar, em um de seus últimos produtos, que o fascismo originou-se do socialismo marxista.

Por querer inteirar-me do sarilho fui à leitura de textos sobre. Nomeadamente o de Francisco Louçã e o de António Araújo.
A discussão recente não me entusiasmou. Mas levou-me a textos do final de 2.014 de António Araújo.

Em cinco primorosos capítulos, AA disseca os milhares de romances de JRS (relevem algum exagero).
Descobri que uma idiossincrasia alheia pode ser-me benéfica.
Como os comentários de leitores ao fim de cada capítulo confirmam, é mesmo assombroso que alguém que não gosta de um escritor dedique tempo e cachimônia a esmiuçar sua obra em tanto detalhe.
Acontece que essa atitude incomum permitiu que eu substituísse a desagradável leitura de mais de uma dezena de calhamaços (cada romance de JRS não ocupa menos de 500 páginas) pelo prazer da leitura de cinco textos. Embora um bocadinho longo, esse pentateuco nos faz rir imenso. E transforma seu leitor em especialista em José Rodrigues dos Santos.

Aguardo algum outro doidivanas que faça o mesmo com o obrar de Paulo Coelho.


Sem comentários: