domingo, 25 de abril de 2004

Matanças


Este Spasso eu coloquei no meu blog do UOL em fevereiro deste ano, ao começar o blog, pouco depois de meu retorno de Portugal ao Brasil. Quando iniciei este blog do Mblog não consegui inserir as fotos. Agora, graças à dica do Louco da Montanha aí estão as fotos.
O fato de ocupar este Spasso com o assunto das Matanças justo hoje, 25 de abril, é coincidência. Pensava que feliz, mas a julgar pela "bronca" do José Carlos (vide comentários) já não sei.

Explicação (fevereiro de 2.006): Comecei com um blog no UOL. Justamente para publicar fotos de minha viagem a Portugal, no final de 2.003, início de 2.004. Foi então que postei, pela primeira vez, as fotos das matanças em minha aldeia. Pouco depois mudei o blog para o Mblog. Mas, por não saber como publicar as fotos, só o fiz em 25 de abril de 2.004. Foi quando conheci José Carlos Barros, de quem viria a tornar-me amigo, e que surgiu com um comentário furioso, questionando minhas intenções com isso de publicar fotos de matanças no aniversário da Revolução dos Cravos. Apesar de José Carlos ter depois explicado que interpretara apressadamente a situação, outros comentários surgiram, uns deplorando a tradição das matanças, outros a defendê-la. Enfim, já agora no Blogger, cá estão elas novamente. As tradicionais matanças. Pense o que bem entender.

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As matanças são festa tradicional das aldeias de Trás-os-Montes. Em dezembro as famílias marcam um dia pra sua matança. Convidam vários vizinhos. No dia marcado, começa-se pelo pequeno almoço. Depois vão buscar os porcos. Engancham-se os focinhos dos mesmos e puxam-nos para fora.



Cada homem segura uma pata, outro segura o rabo e dois seguram a corda presa ao focinho do dito cujo. Um outro vem com o facão e crau!!!, espeta-lhe o coração. O porco arremete, pula, tenta libertar-se mas acaba por sucumbir, morre. Uma mulher apressa-se a recolher em uma bacia o sangue que jorra do coração.



Tudo politicamente incorreto, secular.

A seguir, trazem um botijão de gás e começa a queima do pelo com maçarico, pra limpeza da pele. Depois de queimado, o pelo é raspado a faca. A água jorra da mangueira para retirar resíduos. Ao final, o porco está limpinho, pele amarela, clara.



Inicia-se a dissecação: abre-se o peito do moço,



coloca-se o animal sobre uma espécie de escada de madeira, amarra-se nela o cadáver e ergue-se a escada para encostá-la a alguma parede.



Retiram-se as vísceras, lava-se o interior do animal e pronto. Agora basta guardá-lo em local seguro. Só no dia seguinte voltarão pra destrinchá-lo totalmente, salgar as carnes e preparar as linguiças pro fumeiro. Aqui no nordeste brasileiro as carnes são secas ao sol. Lá no nordeste trasmontano são secas ao lume. Resultado: comida pro ano inteiro, até a próxima matança.



Falta dizer que a festa da matança continua em um almoço oferecido pelos da casa aos que participaram. É indispensável o prato de couve com pão picado. Há coelho, cordeiro, frango, leitão e mais e mais!



Há - ao final do dia - o jantar, que ninguém é de ferro.

Deixa explicar que as fotos acima são de duas matanças diferentes: uma foi na casa de Carlos e Fernanda, a outra na casa de Alípio e Zelinda (minha prima). Selecionei as fotos que melhor ilustravam o - digamos assim - "processo"... tudo isso em Passos, claro, claro...

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